sábado, 5 de setembro de 2009

Ora bem...


...depois de curta ausência eis que regresso, por d’entre densa neblina, qual D. Sebastião menos Real mas mais real, vindo de um périplo não tão Quixotesco mas sem dúvida mais complicado!

Tudo começou numa bela tarde de final de férias. E digo bela tarde pelos padrões tradicionais que, nesta ocidental praia Lusitana, nos habituamos a endeusar: sol, calor, bikinis amarelos às bolinhas... bem sol e calor, bikinis já não há muitos (é que eu não gosto de calor, faz-me mal, o sol vá que não vá; quanto aos bikinis, não uso... e a questão do com ou sem é bem mais complicada do que se possa imaginar, refiro-me a um ponto de vista Einsteiniano e nunca Freudiano, claro!)
Mas dizia, uma bela tarde, ok, uma tarde, no finzinho de férias, lembrei-me de ir ao médico, oftalmologista... consulta de rotina. O douto senhor, depois do tradicional exame e do ainda mais tradicional interrogatório, por detrás dos seus pressagiantes óculos de grossas lentes (Em casa de ferreiro...), fez-me um malfadado aviso: "se não quer vir a ter de usar óculos muito em breve, deixe o computador de lado durante um mês ou dois e veja tão pouca televisão quanto possível."
Foi um ai Jesus! Eu e o meu PC, o meu PC e eu vivemos uma relação simbiótica, de interdependência... ok de dependência... mas simbiótica na mesma, em que eu não passo sem ele e ele não passa sem mim, pelo menos sem mim ninguém o liga.....
E logo numa altura tão importante em que muito se decidia em tantas diferentes frentes! No meio desta verdadeira onda de emoções crescentes vejo-me gualdripado das minhas fontes de informação…
E claro estava calor…
E claro o sono continuava a ser uma miragem, como aquela primeira luz de um novo dia que penetra envergonhada por entre as frinchas dos estores, sim, refiro-me àquela que nunca sabemos se é ainda luz de um qualquer lampião atrevido, claridade da lua ou efeito do payote da noite anterior (para quem está familiarizado…) – claro que esta dúvida apenas se apresenta a quem lamenta todos os suspiros que dá em noites perdidas em busca de um desditoso sonho que só chega com o sono, e este ri ao longe, sempre ao longe, brindando a nossa má ventura com murmúrios pardacentos: “not tonight and nevermore.”

Estava portanto tramado! Estar em casa sem PC ou televisão e c
om tempo de leitura limitado não tem grande piada…
Tratei de arranjar, tanto quanto possível dada a minha tremenda falta de jeito para coisas que se passem fora de casa, actividades para fazer outdoors.
Primeira oportunidade: um joguinho de basket em Matosinhos. Lindo, ar puro (sim puro, considerando o que era quando as fábricas de farinhas de peixe lá estavam…), mar, miúdas (algumas de bikinis amarelos) e calor (não se pode ter tudo). Tabelas de basket ao nosso dispor e um garrafão de 5 litros de sumo de laranja bem fresco…

Na primeira jogada, na primeira entrada para o cesto, driblando pelo lado direito, o salto, o momento, o hang time, o passar por baixo do cesto e ao lado dos braços impotentes do defesa, o lançar à tabela do lado contrário, o suplesse, a qualidade, o ar boquiaberto de quem assistia àquele momento Jordanico, a bola que salta, salta, e não entra, e o aterrar num desnível, o pé que dobra de uma forma que nem Darwin nem Deus alguma vez previram ser possível (imaginem isto tudo em slow motion, a preto e branco, cinamascope… - e agora de volta à velocidade que chamamos normal), a dor, o ‘huh’ estampado na cara de quem assistia e finalmente o resto dos meus não sei quantos e muitos quilos a abaterem-se sobre aquela forma semi-humana, meio sapatilha, meio meia, meio outra coisa qualquer não completamente diferente daquilo a que chamamos tornozelo, mas quase. O horror! O horror!

Conclusão, dei cabo dos ligamentos laterais (interior e exterior) do tornozelo direito que inchou que nem o pai de um filho que fez qualquer coisa que deixou o pai inchado e ficou assustadoramente roxo. Tratamento: RICE – Descanso Gelo Compressão Elevação. Lá me vi obrigado a ficar deitado, de pé no ar, todo ligado (o que com o calor ajuda sempre…).
Ou seja, de novo em casa, ainda sem PC, sem TV, muita pouca leitura e sem me poder mexer em demasia…
Agora a pergunta: será que vale mesmo a pena sair de casa?



3 comentários:

Graça Pereira disse...

Os "desastres" também acontecem em casa... Acontecem, quando têm que acontecer... Quanto ao uso e abuso do computador (começo a sofrar do mesmo mal...) tudo tem de ser com conta e medida. E não só com o PC.
É muito mais agradável e a tua vista melhoraria logo com os tais biquinis de pintinhas amarelos, até julgarias que era o sol a desfazer-se à tua volta...Um beijo Graça

Eva Gonçalves disse...

rrss, Realmente, é mais seguro não fazer rigorosamente nada...
Já tive a minha dose de entorses, e sei que não é nada agradável(you pour thing...)
Mas estou a ver que a ausência forçada, também foi sol de pouca dura e estás de volta ao pc...

mac disse...

Voltei, e fui outra vez... Isto de ser tipo D. Sebastião dá trabalho :)
Os meus olhos dão-me imenso jeito, o tempo passado aqui sentado será curto nos próximos tempos... Mas, tarde ou cedo, voltarei sempre!