quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entre Amizades, A Maior.


The first time I saw her she crept up behind me silent and cautious. She knew who I was, or at least she was aware of whom people thought I was. It can't have been all that interesting, that first time, a bump in an empty corridor, some casual words exchanged, maybe a small and courteous smile and a kind remark. No great chunk of the world changed after that first time but, at least, it had been taken care of. People often don't realise how tough first times can be, how fear or mere unintentionality can impair the normal and healthy course of wonderful things.

She still knew who I was after our bump in the corridor. I had proven to be something of what she expected, uninteresting, may be a bit hollow somehow, unreal in a bad way, smaller than life. All in all it was probably a waste of time.
The second time our paths crossed, the whateverness turned sour. I was in her way. She had this project and somehow, which I am sure must have been wholly annoying, someone decided my approval was required. I can imagine how she must have taken the news; the person whom she knew, or at least knew what everyone thought they knew, that undeserving numb excuse for a human being was an obstacle. Worse still, in time, she realised, he would prove too heavy a stone to lift and her path would remain closed up to her.
I don't really remember much of all this; I remember the first time not the second. There must have been a third time and a fourth but I have no recollection. I never cared all that much about what others thought of me, especially those who inhabit the dwellings we shared. I even enjoyed knowing people had all these weird notions about who I really was, feuds that were born and died without my knowledge, opinions that ran tangents with the wilder side of even the most far-fetched reality. But few people really knew me, there were few tangible evidences; in a way, dressed by smoke and fed by mirrors, I had become the stuff myths are made of. Well maybe not those complex myths books are written about, but a nice comfortable try for size puzzle that people love to hate and gossip about endlessly.
I didn't know who she was. That first time I saw her she crept into a safe place in my mind, she found a home there, a room deep down inside me. She was there to say. I was oblivious to that. The second, third and fourth time came and went and still I was blind to the fact that an impression had been made. I still ignore what went on in her mind after each crossing of our paths.
One day I knew I knew her. Just like that. She was no longer a stranger; it almost seemed I had always known her, from the beginning of time. I felt like she had been a part of me from times immemorial, times that preceded my actual birth, the birth of the human race, a time before there was a planet Earth, a time before reality, a moment where the nothingness of everything was traversed only by the simple fact that we already existed as a part of each other.
I still know who she is even if I'm not entirely sure how or why. I also know who she can be, remnants of that timeless reality we must have shared... I know we did but the same way people construct me at their whim without proof or a base in reality, I cannot prove this claim.
Because of those five minutes we shared in an empty corridor I remembered I had to know her because I already did and it all had to come to full circle. It took me a while to recognise it though. The wholeness we once shared in a time that has no bearing in real time or space lingers on and cannot be broken, but life is in the way.
That first time I saw her, she thought she knew who I was. Could she ever remember who we were?

(volto ao português logo que possível, por agora soube-me bem voltar de todo...)


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Currente Calamo


Encontro-me com os teus perdidos olhos de avelã

na noite suicida do mais triste amanhã,
sonhando atarefado com um qualquer preceito nobre
de querer mais que o simples fado,
sentinela do respeito.
Doce noite,
doce dia,
doce manhã de inverno;
doce triste agonia do lamento, quiçá, eterno;
Doce mel, doce poesia,
doce amor,
doce paixão
e o tédio, a alegria,
vivem connosco a prisão.
Sobe, sobe já, junta-te a mim tu manhã,
animada pelo sonho do mais triste amanhã.
Canta, cantemos juntos,
sonhos e malmequeres,
perdidos nesta viagem,
sem margem para alguéms,
no sonho, uma miragem de um planeta qualquer,
perdido na outra margem do corpo de uma mulher.
Enquanto um Deus de encanto homem,
virgem de todo o amor,
junta a fantasia divina de um nobre ser
ao toque doce e roufenho de um sino,
um quebrado sino,
de uma véspera qualquer;
E logo logo chegará
aquela a quem todos procuram,
a híbrida pantomina do riso e da afasia,
a noite permanente no reino da fantasia,
num dia, hoje eterno, no ideal de um petiz,
um isco macabro e terno, em lágrimas lavado mas feliz...
É esta a trôpega aliança de um qualquer ser mais humano,
com a santa diligência de um divino sacramento,
unidos na vitória de um massacre lamacento
em que deus e homem se uniram num lamento,
na espera curta e bisonha daquele ultimo momento
em que chega a rua finda,
a estrada morta,
as três pancadas,
e o périplo já não importa,
não importa mesmo a sorte,
pois as cartas nada mostram,
apenas uma mostra a morte!

Nuno Machado


sábado, 5 de setembro de 2009

Ora bem...


...depois de curta ausência eis que regresso, por d’entre densa neblina, qual D. Sebastião menos Real mas mais real, vindo de um périplo não tão Quixotesco mas sem dúvida mais complicado!

Tudo começou numa bela tarde de final de férias. E digo bela tarde pelos padrões tradicionais que, nesta ocidental praia Lusitana, nos habituamos a endeusar: sol, calor, bikinis amarelos às bolinhas... bem sol e calor, bikinis já não há muitos (é que eu não gosto de calor, faz-me mal, o sol vá que não vá; quanto aos bikinis, não uso... e a questão do com ou sem é bem mais complicada do que se possa imaginar, refiro-me a um ponto de vista Einsteiniano e nunca Freudiano, claro!)
Mas dizia, uma bela tarde, ok, uma tarde, no finzinho de férias, lembrei-me de ir ao médico, oftalmologista... consulta de rotina. O douto senhor, depois do tradicional exame e do ainda mais tradicional interrogatório, por detrás dos seus pressagiantes óculos de grossas lentes (Em casa de ferreiro...), fez-me um malfadado aviso: "se não quer vir a ter de usar óculos muito em breve, deixe o computador de lado durante um mês ou dois e veja tão pouca televisão quanto possível."
Foi um ai Jesus! Eu e o meu PC, o meu PC e eu vivemos uma relação simbiótica, de interdependência... ok de dependência... mas simbiótica na mesma, em que eu não passo sem ele e ele não passa sem mim, pelo menos sem mim ninguém o liga.....
E logo numa altura tão importante em que muito se decidia em tantas diferentes frentes! No meio desta verdadeira onda de emoções crescentes vejo-me gualdripado das minhas fontes de informação…
E claro estava calor…
E claro o sono continuava a ser uma miragem, como aquela primeira luz de um novo dia que penetra envergonhada por entre as frinchas dos estores, sim, refiro-me àquela que nunca sabemos se é ainda luz de um qualquer lampião atrevido, claridade da lua ou efeito do payote da noite anterior (para quem está familiarizado…) – claro que esta dúvida apenas se apresenta a quem lamenta todos os suspiros que dá em noites perdidas em busca de um desditoso sonho que só chega com o sono, e este ri ao longe, sempre ao longe, brindando a nossa má ventura com murmúrios pardacentos: “not tonight and nevermore.”

Estava portanto tramado! Estar em casa sem PC ou televisão e c
om tempo de leitura limitado não tem grande piada…
Tratei de arranjar, tanto quanto possível dada a minha tremenda falta de jeito para coisas que se passem fora de casa, actividades para fazer outdoors.
Primeira oportunidade: um joguinho de basket em Matosinhos. Lindo, ar puro (sim puro, considerando o que era quando as fábricas de farinhas de peixe lá estavam…), mar, miúdas (algumas de bikinis amarelos) e calor (não se pode ter tudo). Tabelas de basket ao nosso dispor e um garrafão de 5 litros de sumo de laranja bem fresco…

Na primeira jogada, na primeira entrada para o cesto, driblando pelo lado direito, o salto, o momento, o hang time, o passar por baixo do cesto e ao lado dos braços impotentes do defesa, o lançar à tabela do lado contrário, o suplesse, a qualidade, o ar boquiaberto de quem assistia àquele momento Jordanico, a bola que salta, salta, e não entra, e o aterrar num desnível, o pé que dobra de uma forma que nem Darwin nem Deus alguma vez previram ser possível (imaginem isto tudo em slow motion, a preto e branco, cinamascope… - e agora de volta à velocidade que chamamos normal), a dor, o ‘huh’ estampado na cara de quem assistia e finalmente o resto dos meus não sei quantos e muitos quilos a abaterem-se sobre aquela forma semi-humana, meio sapatilha, meio meia, meio outra coisa qualquer não completamente diferente daquilo a que chamamos tornozelo, mas quase. O horror! O horror!

Conclusão, dei cabo dos ligamentos laterais (interior e exterior) do tornozelo direito que inchou que nem o pai de um filho que fez qualquer coisa que deixou o pai inchado e ficou assustadoramente roxo. Tratamento: RICE – Descanso Gelo Compressão Elevação. Lá me vi obrigado a ficar deitado, de pé no ar, todo ligado (o que com o calor ajuda sempre…).
Ou seja, de novo em casa, ainda sem PC, sem TV, muita pouca leitura e sem me poder mexer em demasia…
Agora a pergunta: será que vale mesmo a pena sair de casa?



terça-feira, 1 de setembro de 2009